Seu desjejum matinal foi rápido. Seus olhos batalhavam entre a fumaça de uma convidativa xícara de café e seu movimento pendular, da mesa a boca e os ponteiros acelerados do relógio da cozinha. Estava atrasado. Saiu de casa. Caminhando até o trabalho com a visão turva ocasionada pelo sono e o com o peso das olheiras, negras, delineando seus jovens olhos.
Chegara e, inevitavelmente, encontrou aquela que tanto amava. Jurara não ter que a encontrar tantas vezes como antigamente, porém, o ambiente de trabalho era compartilhado e isso dificultava as ações evasivas. Estava ali, sentada em sua mesa de trabalho, o tilintar rápido das teclas era como uma barreira que impedia a aproximação para um singelo - “oi”.
Foi então que o laranja vivo que o pintava, degradava para cores frias, assim como a reação da amada. Dúvidas iam e vinham, como pesadas ondas quebrando em uma rocha, monólito em que seu coração se transformava seu coração. De tons quentes para tons frios, cinzas, tudo se tornava unicolor, desabando a falácia em que acreditava. Seria agora um novo começo ou os tons frios despencariam ainda mais para o negro do limbo?